Acordamos cedo devido a programação do dia, mas antes um café da manha digno de hotel-fazenda com diversas opções e sabores. Tudo fresquinho, com frutas, sucos, bolos, pães. Preparados há poucos minutos atrás. Uma delicia.
Enquanto esperávamos a hora de sair para o safari fotográfico, conversamos com algumas pessoas da fazenda para sabermos um pouco mais sobre seu funcionamento.
Safari Fotográfico no Pantanal
A Fazenda San Francisco é uma pousada no Pantanal, onde existe o Agro Ecoturismo. A fazenda situa-se no Pantanal de Miranda, no Mato Grosso do Sul, e possui uma grande riqueza de fauna e flora. Nela você conhece o real funcionamento de uma fazenda: o cultivo, a produção e os afazeres, caminhando juntos com a preocupação da conservação do meio ambiente. A parte turística é voltada para a Observação de Aves (Birding ou Birdwatching), a Focagem Noturna, o Safari Ecológico Fotográfico, Cavalgadas e vários outros passeios, bem no coração do Pantanal.
Um fato curioso é saber que o Pantanal é a maior planície inundável do mundo, ocupando cerca de 140.000 km2 do território brasileiro. Conhecido pela diversidade de fauna e flora, o Pantanal abriga uma das últimas populações da ameaçada onça-pintada, o terceiro maior felino do mundo. Na fazenda, os observadores e amantes da natureza, tem a oportunidade de acompanhar as atividades do Projeto Gadonça. Além de uma aventura inesquecível, visitando e participando do projeto, você estará contribuindo para as pesquisas que visam conservar a Onça-Pintada e Parda no Pantanal, que é uma das últimas áreas que ainda mantém o habitat natural das onças.
Depois dessa aula que recebemos, era hora de realizar o passeio e ver na prática o que os guias Gabriel e Leandro nos contaram. Fomos até a caminhonete aberta, devidamente preparada para esses passeios turísticos e demos inicio a aventura. Dessa vez o objetivo era presenciar os animais de hábitos diurnos em seu habitat.
E a listagem dos animais avistados foi grande. Logo na sede, vimos diversos periquitos Príncipes-Negros e Papagaios se alimentando em um comedouro feito para os turistas se divertirem e presenciarem seu comportamento bem de perto. Em seguida foi a vez da Curicaca Pantaneira e do Jacaré do Pantanal a margem de um rio, onde duas espécies de Martim Pescador (o Verde e o Grande) faziam sua refeição “pescando” filhotes de peixes próximos a superfície. Também presenciamos o Socó Boi, o Gavião Caramujeiro saboreando um caramujo recém-pego, bandos de Marreca Cabocla, Surucuá, Biguás, Tuiuiús, Corujas Buraqueiras, Papagaios, Emas, e outros. Além de Cervos do Pantanal pastando livremente pelos campos alagados.
Em certo momento, paramos para fazer um trecho de trilha a pé, em área alagada, por sobre pontes para entendermos melhor como funciona a cheia no Pantanal. A Trilha do Carandá é toda suspensa e sobrepõe a mata ciliar do Rio Miranda. Uma leve caminhada de aproximadamente 20 minutos onde foi possível visualizarmos o encontro das águas do Corixo São Domingos com o Rio Miranda.
Também tivemos a oportunidade de ver a Novateira, uma árvore que se beneficia por meio da relação de simbiose existente entre as Formigas Novateiras, as quais habitam o seu tronco, e que a protegem do ataque de predadores como pássaros e lagartas.
Recomendamos levar um lanche rápido durante o passeio. Na cabine do caminhão é possível pegar água, cerveja e refrigerantes, que são colocados na sua conta em caso de consumo e pagos no check-out. De volta a sede da fazenda, era hora de almoçar e descansar para o passeio da tarde. Aproveitei também para fazer algumas imagens do local e deitar um pouco.
Pesca de piranha no passeio de Chalana
Após descansar do almoço, nos reunimos ao grupo e mais uma vez saímos em busca de novas aventuras no Pantanal. O passeio é realizado no Corixo São Domingos – um braço do Rio Miranda, que passa nas terras da Fazenda San Francisco. Para isso pegamos o transporte que nos leva até suas margens.
No passeio de Chalana é possível visualizar aves que vivem nas margens dos rios como o Martim Pescador, Biguás, Garças, Socós, Gaviões e muitas outras. O Jacaré do Pantanal muitas vezes é visto bem de perto. Com sorte, ariranhas, lontras e até um tamanduá podem cruzar na frente do barco, o que não aconteceu conosco.
Logo no inicio, o Mala, o maior jacaré do pedaço, veio nos dar as boas vindas bem próximo ao barco. Seguimos pelo rio até uma área onde praticamos a pesca de piranhas, com a organização e monitoramento dos guias. Tudo isso sob os olhos atentos de dois gaviões que estavam nos acompanhando o tempo todo.
Na volta, ainda no rio, contemplamos dois belíssimos momentos da natureza. Tanto o Mala quanto o gavião seriam alimentados com algumas das piranhas que pescamos. Um momento raro, de pura beleza que vocês podem conferir nos vídeos e fotos que fizemos, onde uma imagem vale mais do que mil palavras.
Retornamos para a fazenda e ainda ganhamos um lanche típico regional, com bolos, pipoca, frutas e sucos. Experimentamos também o famoso Tereré, que lembra o mate gaúcho, mas é servido frio e é menos forte e amargo. Tudo isso na companhia de diversos papagaios que tentavam roubar de nossas mãos algumas provinhas.
Com tudo isso a nossa frente dá pra entender porque o Pantanal é um dos destinos mais procurados por estrangeiros e brasileiros que apreciam o contato de forma intensa com a natureza.
Focagem noturna no Reino Selvagem
Mas era hora de seguir viagem para outra fazenda e conhecer uma criação de jacarés e ainda realizar um passeio noturno para a focagem no seu habitat. Arrumamos nossas malas, pegamos o carro e voltamos sentido Miranda. A Fazenda Cacimba de Pedra fica localizada no município de Aquidauana, e como referência, próxima a Miranda, ainda no Mato Grosso do Sul.
De Miranda para lá, o tempo fechou e pegamos uma tempestade daquelas, digna de filmes de terror. Eram apenas 26 km até a fazenda, que realizamos em sua grande maioria a 40 km/h. Já próximo a ela, o tempo melhorou e pegamos uma estrada de terra em ótimas condições, com sinalização refletiva, facilitando bastante o acesso e chegada em segurança até a sua sede.
Assim que chegamos, nos acomodamos e fomos convidados para o jantar. No restaurante, um delicioso churrasco estava sendo servido pelos proprietários da fazenda, dona Rosaura Dittmar e o Sr. José Romeu, que prontamente nos ajudou a preparar nossos pratos. Como havia diversos grupos passando o final de semana por lá, o clima era de animação e muitos aproveitavam para ter contato com animais pela primeira vez no Pantanal.
Vimos certo alvoroço de pessoas no gramado ao lado e fomos conferir. Lá estava dois catetos, uma espécie de porco do mato, brincando e posando para fotos com todos. Eram mansos e aproveitamos para fazer carinho em suas barrigas e registrar esse momento único. Em seguida, aproveitando que todos estavam reunidos, demos inicio ao passeio noturno para a focagem de jacarés.
Agora tentem imaginar um grupo de mais de vinte pessoas andando em fila indiana no meio do mato apenas com uma lanterna em suas mãos. O guia pedindo silêncio a cada minuto. E o curioso cateto nos acompanhando bem do lado. As meninas se assustando a cada par de olhos que brilhava no meio da mata. Era esse o cenário em que estávamos. Um tanto quanto assustador e engraçado ao mesmo tempo. Confesso que preferia estar com menos pessoas, em silêncio. Nossa chance de encontrar outros animais da trilha teria sido muito maior.
Chegamos então ao Reino Selvagem. Agora sim. Neste momento o guia falou sério com os mais brincalhões. Estávamos entrando na área reservada às matrizes, aos machos reprodutores e à procriação, e existia a possibilidade de encontro com qualquer um deles pelo caminho. Era preciso silêncio total para chegar até a cabana de focagem em segurança. Vou confessar que me senti entrando no território dos velociraptors, como no filme Jurassic Park. Um misto de tensão e aventura. Hehehe.
Já na cabana, o visual é incrível. Dezenas de pares de olhos brilhando em meio à escuridão, vindo ao nosso encontro, praticamente hipnotizados pelas lanternas e barulhos que os guias faziam. Em minutos, a margem do lago estava completamente infestada de jacarés de mais de 2 metros atentos a qualquer movimento nosso. Um momento muito legal onde vimos de perto esses seres pré-históricos.
Enfim voltamos para a sede para dormir. O dia foi cheio e estávamos cansados. Mas antes aproveitamos para dar notícias em casa com o Wi-Fi gratuito disponível na área do restaurante, e falar com alguns amigos no MSN que estavam ansiosos para saber noticias dos nossos passos pelo Pantanal. Mas era preciso deitar, pois ainda havia uma programação a cumprir no dia seguinte. Até mais, pessoal.
[box type=”note”]Vejam também nossa galeria de fotos deste dia.[/box]
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