2º Dia em Bonito – Gruta do Lago Azul, Grutas de São Miguel, Praia da Figueira e Flutuação no Rio Sucuri

Acordar às 6hs da manhã nunca foi tão desejado. Levantamos naturalmente empolgados, antes mesmo de o despertador tocar. À noite na Pousada Chamamé não poderia ter sido melhor. A pousada foi construída baseada na preservação de valores ambientais. Oferecendo uma excelente opção para as pessoas que procuram conforto e tranquilidade fugindo do cotidiano dos grandes centros. Um ambiente charmoso onde o rústico e o clássico se encontram, com harmonia e suavidade.

O café da manhã já estava servido com um convidativo aroma de pão fresquinho tomando conta do restaurante, a beira da piscina. A luz suave da manhã invadia o ambiente refrigerado na temperatura ideal. As opções eram muitas. Com frios, iogurtes, sucos, pães, geleias, bolos e biscoitos. Com as baterias carregadas, era hora de começar os passeios. A pousada é super bem localizada e permite rápido acesso ao centro da cidade e a Bonito Way, que fica logo na entrada.

Já na agência, encontramos nosso guia, que iria nos acompanhar durante a maioria dos passeios que estavam programados em Bonito. “Mano”, como se autodenominava, já nos recebeu chamando pelo nome. Um diferencial a parte. Ganhamos também alguns brindes da agência. Duas pochetes que seriam nossas companheiras pelos próximos dias e um DVD com todos os atrativos da região que são operados por eles. Com tudo pronto, finalmente demos início aos atrativos ecológicos de Bonito.

Eis o roteiro do dia: passeio na Gruta do Lago Azul e nas Grutas de São Miguel, visita a Praia da Figueira, passeio na Fazenda São Geraldo com flutuação no Rio Sucuri e Jantar no Oca Bar.

Para começar bem esse super roteiro, um dos principais passeios da cidade: a Gruta do Lago Azul. Vamos nessa!

Preguiça Gigante e Tigre Dentes de Sabre

Com dimensões que a tornam uma das maiores cavidades inundadas do planeta, e em seu interior um lago cristalino de águas azuis com 90 metros de profundidade e 120 metros de largura, a Gruta do Lago Azul é um dos lugares mais incríveis de Bonito. Conta a história que a gruta foi descoberta por um índio Terena em 1924. Suas rochas calcárias tomadas por estalactites e estalagmites deixam qualquer pessoa sem palavras. Em 1992, uma expedição Franco-Brasileira de espeleo-mergulhadores, encontrou uma série de fósseis de grandes mamíferos, como o tigre de dente de sabre e a preguiça gigante, que viveram na região durante o período geológico do Pleistoceno, de 6.000 a 10.000 anos atrás.

Para chegar até lá, vence-se com facilidade e emoção os quase 300 degraus de uma escadaria rústica. O tombamento como monumento natural, feito pelo Iphan em 1978, garantiu a preservação do principal cartão-postal de Bonito, que tem o número de visitantes diário rigorosamente controlado.

Recebemos instruções de segurança ao descer a gruta, colocamos os capacetes cedidos no receptivo (de uso obrigatório) e seguimos uma pequena trilha que dá acesso a ela. Um paredão de mais de 20 metros de altura, cheio de estalactites, já nos esperava. E bem lá embaixo era possível ver, mesmo que ao longe, o famoso lago azul. A primeira vista, o paredão impressiona mais do que o próprio lago.

Vamos descendo, degrau após degrau, feitos nas próprias pedras da gruta. A primeira vista, pode parecer perigoso, mas logo vemos pessoas de todas as idades realizando o trajeto, em pequenos grupos, cada um no seu ritmo, e notamos que não há tanta dificuldade assim. É preciso lembrar-se dos seus limites. Pessoas muito acima do peso e com problemas de joelhos devem conversar com a agência antes de comprar o pacote para evitar problemas durante o passeio.

Existem 4 pontos de paradas para descanso. É neste momento que o guia conta um pouco mais da história da gruta e suas particularidades. Cada vez que descemos mais, nos aproximamos do lago e começamos a notar uma leve tonalidade azulada na água. Mas ao chegar à penúltima parada é que realmente notamos a exuberância do lugar. A água ganha um tom azul turquesa que hipnotiza qualquer pessoa, impossível não se apaixonar com tudo que está a nossa frente. O contraste, as cores, a fenda com a luz do sol entrando pela entrada da gruta (agora vista de baixo para cima), as estalactites e estalagmites (mesmas formações que as do teto, porém vindo do chão) e as colunas (quando as duas formações se encontram e viram uma só, ligando-se, como uma pilastra). Ficamos na gruta por 1 hora, tempo suficiente para admirar, fotografar e tentar eternizar aquela paisagem na sua cabeça.

Pérolas de Caverna

Depois da Gruta do Lago Azul, seguimos para outra, dessa vez sem água, que confesso inicialmente que seria “sem graça”. A Gruta de São Miguel, de propriedade do IPHAN (Órgão do Ministério da Cultura que tem a missão de preservar o patrimônio cultural brasileiro), porém dentro da propriedade de um resort de Bonito, dessa vez contamos com uma estrutura muito melhor. De cara a gente já entra em um grande terreno gramado com uma casa grande de madeira e vidro (que serve como recepção) e no segundo andar da casa, para nossa surpresa, começa a trilha que leva para a gruta.

Sim, a trilha além de começar dentro da casa, é toda suspensa, com aproximadamente 5 metros de altura e com 180 metros de comprimento que termina em um mirante de onde se pode observar o vale e a vegetação característica do local. A caminhada continua por mais 120 metros em passarelas, até um mirante de observação da caverna, por onde se pode ter o primeiro contato visual com seu interior. Chegando a gruta, não muito longe de onde começamos, você tem a sensação que parece ser muito pequena. Algo que logo mudamos de ideia ao entrarmos e concluirmos que na verdade trata-se praticamente de uma enorme caverna com diversas formações rochosas e uma infinidade de estalactites e estalagmites das mais diversas formas. Além de colunas, travertinos, coralóides e as famosas pérolas de caverna.

Deparamo-nos com uma coruja Suindara e uma família de morcegos dormindo sossegadamente no teto da gruta. É impressionante a formação rochosa em formato de coral (os coraloides), confundindo a gente, parecendo estarmos dentro do mar. Mas não, são realmente formações de milhões de anos de calcário que pinga junto com a água da chuva minando do teto. Depois de aproximadamente 40 min, saímos da gruta, onde já nos aguardava um carro elétrico (daqueles usados em campos de golf) para nos levar de volta para a sede e assim terminarmos nosso passeio.

Depois da gruta, o passeio seguinte era a Praia da Figueira.

Pacús, tirolesa e um avião dentro d’água

Na verdade um lago de água doce onde antigamente existia a extração de calcário. Lençóis freáticos foram perfurados e formou-se então uma imensa lagoa cristalina de água corrente, com mais de 60.000m² para você nadar, mergulhar e praticar outras atividades aquáticas como flutuação, scooter, cama elástica, caiaque, pedalinho e biribol. Além, claro, do vôlei de areia e do frescobol, que não podem faltar em nenhuma praia, tudo acompanhado de muito sol e calor. Hoje em dia, a Praia da Figueira é como um parque aquático particular, no qual o visitante paga uma taxa única para entrar e pode ficar o dia todo.

Logo de cara você já se impressiona pela quantidade de peixes na borda, parecendo recepcionar você, como se fossem funcionários do lugar. Não são peixes pequenos não. São peixes grandes, na sua maioria pacús de uma cor castanha, quase preta. Você pode tranquilamente nadar no meio deles, eles parecem não se importar. O lugar é uma ótima opção para um dia com a família e crianças pequenas. Aos mergulhadores, um aviso, a descontração se transforma em aventura quando surgem os restos dos naufrágios reais de um barco e de um avião. Quer mais? Ainda tem uma tirolesa que acaba na água!

Uma praia realmente muito agradável, não dá vontade de ir embora. Mas o tempo era apertado, ficamos apenas uns 20 minutos no local. Apenas para conhecer a infraestrutura e descansar no redário, à sombra de uma enorme Figueira, com mais de 1000m² de copa, onde originou-se o nome de uma das mais belas paisagens de Bonito, a Praia da Figueira.

Já era hora de comer. Mas o almoço estava nos esperando em outro destino, a Fazenda São Geraldo.

Uma Ariranha no Rio Sucuri

Pegamos o carro e fomos até a Fazenda São Geraldo, onde se encontra o famoso Rio Sucuri. Mas como saco vazio não para em pé, chegamos na hora certa que um delicioso almoço estava sendo servido. Um dos pratos mais saborosos era a Lasanha de Banana com Queijo (algo que nunca tinha comido e muito bom). Tinha também a sopa paraguaia (uma espécie de cuscuz de milho com cebola e queijo) e diversos tipos de carne, saladas e sobremesas. Mas o atrativo maior ficou por conta do rio. Vamos a ele.

Na sala apropriada, nosso guia (o “Mano”, da Bonito Way) nos explicou os procedimentos para a realização da trilha e flutuação, entregando os equipamentos necessários para o passeio: máscara, snorkel, roupa e botas de neoprene e colete salva-vidas (ambos obrigatórios).

A partir daí, seguimos com uma caminhonete adaptada para o transporte de turistas para o início de uma trilha interpretativa na mata ciliar do Rio Sucuri. Próximo a nascente do rio era quase impossível acreditar no que os nossos olhos estavam vendo. Um rio com o fundo branco de calcário que junto com a água cristalina e o reflexo da luz do sol dava um tom de azul único e que juro jamais pensar em existir algo semelhante. Coisa de louco! Ao entrarmos nas águas calmas do rio, no primeiro mergulho a impressão que se tem é que você está mergulhando em um aquário gigante, tamanha é a riqueza de peixes e vegetação. Uma pena que somente pode-se flutuar no lugar (para não deteriorar o solo do rio com os pés), por que para amantes de natação e mergulho como eu, seria a realização de um sonho poder nadar livremente nesse lugar.

Quase no fim do passeio, para nossa surpresa, nos deparamos com uma ariranha mergulhando (muito raro de se ver) e pelo menos dois peixes dourados gigantescos que pareciam nos observar durante o mergulho. Algo para não esquecer nunca mais. Foi sem dúvida um dos melhores passeios das nossas vidas. Bem, isso até agora, início da jornada em Bonito.

Na volta pela estrada, tivemos a agradável surpresa de ver um casal de araras azuis (raríssimas de se ver) comendo tranquilamente aos pés de um coqueiro e logo em seguida fomos presenteados novamente por tucanos que voavam de árvore em árvore como se tivessem nos guiando pela estrada.

De volta a Pousada Chamamé, cansados, mas extasiados com tamanha beleza que acabamos de viver, fomos tomar um banho de piscina e em seguida uma boa ducha. Para fechar o dia, ainda faltava o jantar oferecido pelo Oca Bar que é um dos restaurantes que fazem parte do Tour da Experiência.

Jantar regado a Mandioca

Chegamos ao Oca Bar e fomos recebidos pelo dono do local, Carlos, e sua gerente Simone. Primeiro Carlos nos contou um pouco da história do lugar, a origem do nome e quais as especialidades que ele serve lá. Um papo pra mais de 1 hora de assunto super descontraído. Enquanto conversávamos, degustávamos pratos típicos da casa. A entrada, alguns petiscos de mandioca, como “Chips”, palitos de mandioca frita, esses estavam perfeitos, simplesmente deliciosos. E alguns salgados feitos com massa de mandioca (coxinha, bolinho com carne seca e bolinha de queijo). Todos estavam muito bons.

Logo em seguida antes do prato principal, Carlos, ao saber que ainda não conhecíamos a carne de jacaré, providenciou meia porção de isca a milanesa com molho rosé e limão. Pronto, agora ele já tinha realmente nos conquistado pelo estômago, muito gostoso. Enquanto isso o papo rolava tranquilo na mesa. E agora, parecia mais uma roda de amigos conversando do que um cardápio degustativo do restaurante. Nos sentimos completamente a vontade com a casa e o chef. Mas o prato principal ainda estava por vir: a pizza de mandioca. Não era pizza com massa da raiz, mas sim, um molho especial com mandioca e queijo com tomates que recheavam e cobriam a pizza, deixando-a incrivelmente saborosa. Já sabemos que deixaremos Bonito com saudades do lugar e principalmente do sabor daquela pizza.

Ainda fomos convidados a conhecer o seu novo negócio: a Casa do Vidro. A empresa se baseia em três pilares, socialmente justa, ecologicamente correta e economicamente viável. Pilares estes sustentados por um produto final elaborado de maneira profissional, obedecendo ao princípio de peças exclusivas e arrojadas com grande requinte e identidade própria. E ainda ganhamos duas peças exclusivas de presente. Temos certeza que breve vocês ainda irão ouvir falar desta inovação.

Como já era tarde, só nos restava voltar pra pousada e dormir. Gostaram do nosso roteiro? Esse foi apenas o primeiro dia. Aguardem os próximos.

[box type=”note”]Vejam também nossa galeria de fotos deste dia.[/box]

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